Responsável
por chefiar o grupo mafioso Cosa Nostra, ele passou 30 anos foragido até ser
preso em janeiro de 2023
Matteo
Messina Denaro, chefe da máfia italiana que passou três décadas foragido antes
de ser preso em janeiro, morreu enquanto recebia tratamento médico, informou a
emissora pública Rai nesta segunda-feira (25).
Acredita-se
que Denaro tenha ordenado dezenas de assassinatos para o grupo criminoso Cosa
Nostra. Ele morreu no hospital San Salvatore, em L’Aquila, onde tratava um
câncer de cólon.
Antes da sua
detenção numa clínica de saúde privada em Palermo, em janeiro, o antigo chefe
da máfia siciliana estava foragido desde 1993 e era considerado pela Europol um
dos homens mais procurados da Europa, conforme relatou o procurador Maurizio de
Lucia à CNN.
Denaro foi
condenado a várias penas de prisão perpétua à revelia pelos seus muitos crimes,
principalmente em 1992, pelo seu envolvimento nos assassinatos dos promotores
Giovanni Falcone e Paolo Borsellino.
Ele recebeu
sua mais recente sentença de prisão perpétua em 2020 por atentados em Milão,
Florença e Roma no final da década de 1990, e pelo assassinato e tortura do
filho de 11 anos de um inimigo que prestou depoimento contra a Cosa Nostra.
Antes de sua
morte, os casos pelos assassinatos de Falcone e Borsellino, e pelo assassinato
de Giuseppe Di Matteo, de 11 anos, estavam em processo de tramitação em
tribunais superiores.
Procurado há
quase 30 anos, ele foi o fugitivo da Cosa Nostra que permaneceu escondido por
mais tempo.
A operação
policial de janeiro na clínica de Maddalena, que culminou com sua captura,
envolveu mais de 100 agentes dos Carabinieri antimáfia.
As forças de
segurança aproximaram-se do círculo de Denaro, apreendendo cerca de três milhões
de euros (cerca de R$ 15,7 milhões) em bens pertencentes a companheiros,
familiares e associados que se imaginava estarem sustentando sua vida na
clandestinidade, e fazendo detenções numa repressão entre 2009 e 2010.
Denaro –
conhecido como Diabolik – é considerado um dos sucessores de Bernardo
Provenzano, que foi preso enquanto se escondia numa fazenda nos arredores de
Corleone, na Sicília, em abril de 2006.
O crime era
um assunto de família para Denaro, filho de um conhecido chefe da máfia na
Sicília. Entre os presos na repressão de 2009-2010 estava seu irmão, Salvatore
Messina Denaro, que se recusou a testemunhar sobre seu paradeiro.
Em 2013, a
sua irmã, Patrizia Messina Denaro, foi condenada a 14 anos de prisão, pena que
ainda cumpre, por ser membro da Máfia.
Felia Allum,
professora comparativa de crime organizado e corrupção na Universidade de Bath,
no Reino Unido, disse em janeiro que Denaro era a última de uma velha geração
de chefes da Máfia.
“Ele
representa o elo final entre a Cosa Nostra beligerante e aberta do início dos
anos 1990 e a máfia silenciosa e empresarial do século 21”, declarou ela na
época.