Conforme a Agência Brasil, a neoplasia maligna de pênis representa 2% dos tipos de câncer em homens no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Entre 2013 e 2022, 19,9 mil tiveram o diagnóstico. Desse total, 5,6 mil tiveram o órgão amputado por causa de complicações da doença.
“Câncer de pênis existe e, quando a gente fala de câncer de pênis, muitas vezes surpreende: ‘nossa, eu não sabia que essa doença existia.’ Ela existe, infelizmente o tratamento é uma mutilação, ou seja, a perda parcial ou total do pênis, a depender do grau dessa doença”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Eduardo Pimentel.
“Nós somos o terceiro lugar mundial, segundo uma pesquisa de 2017, em diagnósticos de câncer de pênis. E também estamos em terceiro lugar em número total de mortes por câncer de pênis em 2022”, alerta Pimentel.
É um tipo raro de câncer, com maior incidência em homens que têm 50 anos ou mais, embora possa atingir também os mais jovens. A doença está associada à má higiene íntima, à infecção pelo pipolmavírus humano (HPV) e a homens que não se submeteram à circuncisão, a remoção do prepúcio, pele que reveste a glande – a “cabeça” do pênis. No Brasil, o câncer de pênis é mais comum nas regiões Norte e Nordeste, representando 2% de todos os tipos de câncer que atingem os homens.
O diagnóstico precoce é fundamental para evitar a evolução do tumor e a posterior amputação total do pênis, que traz consequências físicas, sexuais e psicológicas ao homem. No mês de novembro, o Novembro Azul, surgem campanhas de conscientização contra o câncer de próstata, o mais comum na população masculina, depois do câncer de pele não melanoma.
No entanto, é necessário ter, não apenas neste mês mas em todos os dias do ano, um cuidado integral com a saúde do homem, tendo em vista que existem outros problemas que podem surgir, incluindo o câncer de pênis.
SINTOMAS
Os principais sinais e sintomas do câncer de pênis são ferida o úlcera persistente. Além desses sintomas, podem aparecer, também:
- Tumoração na glande (cabeça do pênis);
- Tumoração na pele que cobre a cabeça do pênis;
- Tumoração no corpo do pênis;
- Secreção branca (esmegma);
- Aumento anormal do tecido da cabeça do pênis.
No surgimento de qualquer um dessas manifestações clínicas, é fundamental procurar ajuda médica imediata para evitar possíveis complicações.
Importante: Além da tumoração no pênis e das feridas, a presença de gânglios inguinais (ínguas na virilha) e/ou nódulos também devem ser observados, pois podem indicar metástase (quando o câncer se espalha para outras partes do corpo).
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico do câncer de pênis é feito, basicamente, por meio da biópsia incisional (retirada de um fragmento do tecido) de qualquer lesão peniana suspeita para se diferenciar as lesões malignas, assim como seus subtipos, das lesões pré-cancerosas e das benignas. A biópsia é feita após avaliação clínica do médico especialista. Quando diagnosticado em estágio inicial, o câncer de pênis tem alta taxa de cura. No entanto, mais da metade dos pacientes demora até um ano após as primeiras lesões para buscar ajuda médica, o que pode provocar complicações da doença, permitindo que ela se espalhe para outras partes do corpo, o que aumenta as chances de morte.
Todas as lesões ou tumorações penianas, independentemente da presença de fimose (dificuldade ou incapacidade de exposição da glande, porque a pele que envolve o pênis possui um anel estreito), devem ser avaliadas por um médico, principalmente aquelas de evolução lenta e que não responderam aos tratamentos convencionais. Essas lesões deverão passar por biópsia para análise, quando será dado o diagnóstico final.
Importante: As informações presentes nesta página possuem apenas caráter informativo e não substituem, em hipótese alguma, a consulta médica. Em caso de suspeitas, procure imediatamente um profissional especializado para avaliação pessoal da sua saúde. Quanto mais cedo começar o tratamento, maiores são as chances de cura.
FATORES DE RISCO
Alguns fatores aumentam o risco para desenvolvimento do câncer de pênis.
- Baixas condições socioeconômicas e/ou de instrução;
- Má higiene íntima;
Estreitamento do prepúcio. Homens que não se submeteram à circuncisão (remoção do prepúcio, a pele que reveste a glande – a “cabeça” do pênis) têm maior predisposição ao câncer de pênis;
Estudos científicos sugerem associação entre a infecção pelo vírus HPV (papilomavírus humano) e o câncer de pênis.
Se você se enquadra em qualquer um desses fatores, fique atento para cuidar da saúde e fazer visitas periódicas ao médico.
DETECÇÃO PRECOSE
A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento e de cura. A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença. Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de pênis traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado.
Já o diagnóstico precoce do câncer de pênis possibilita melhores resultados em seu tratamento e deve ser buscado com a investigação de sinais e sintomas como:
- Tumor ou úlcera em pênis na ausência de uma doença sexualmente transmissível ou persistente após seu tratamento;
- Espessamento ou mudança na cor da pele do pênis ou prepúcio;
Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em alguns dias.
TRATAMENTO
O tratamento do câncer de pênis consiste basicamente na remoção cirúrgica da lesão primária peniana (penectomia parcial ou total) associada à linfadenectomia inguinal bilateral com intenção curativa. A cura é possível até mesmo nos casos de metástase inguinal. No entanto, o tratamento do câncer de pênis depende da extensão local do tumor e do comprometimento dos gânglios inguinais (ínguas na virilha).
Os principais tratamentos para câncer de pênis, que podem ser combinados ou não, conforme cada caso e com a devida recomendação médica, são:
Cirurgia;
- Radioterapia;
- Quimioterapia.
A radioterapia e a quimioterapia são indicadas nos casos de recivida do câncer de pênis ou como tratamento paliativo nos casos que não são considerados cirúrgicos.
PREVENÇÃO
Para prevenir o câncer de pênis, é necessário fazer a limpeza diária do órgão com água e sabão, principalmente após as relações sexuais e a masturbação. É fundamental ensinar aos meninos desde cedo os hábitos de higiene íntima, que devem ser praticados todos os dias.
A cirurgia de fimose (quando a pele do prepúcio é estreita ou pouco elástica e impede a exposição da cabeça do pênis, dificultando a limpeza adequada) é outro fator de prevenção. A operação é simples e rápida e não necessita de internação. Também chamada de circuncisão, a cirurgia de fimose é normalmente realizada na infância.
Tanto o homem circuncidado como o não-circuncidado reduzem as chances de desenvolver esse tipo de câncer se tiverem bons hábitos de higiene. A utilização do preservativo é imprescindível em qualquer relação sexual, já que a prática com diferentes parceiros sem o uso de camisinha aumenta o risco de desenvolver a doença. O preservativo diminui a chance de
contágio de doenças sexualmente transmissíveis, como o vírus HPV, por exemplo.
Condições básicas de higiene são fundamentais para o cuidado da saúde, seja em homens, mulheres, crianças ou adultos. O uso simples de água e sabão pode evitar diversas doenças, entre elas o câncer de pênis. Além disso, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, há um crescente corpo de evidências que associam o Papilomavírus Humano (HPV) e o câncer de pênis.
A vacina contra o HPV faz parte do calendário nacional e está disponível nas mais de 36 mil salas de vacinação em todo o país para meninas de 11 a 13 anos.
Estudos comprovam que os meninos são protegidos indiretamente com a vacinação do grupo feminino (imunidade coletiva), havendo drástica redução na transmissão de verrugas genitais entre homens após a implantação da vacina contra o HPV como estratégia de saúde pública.